No dia 11 de Fevereiro, dois elementos do grupo deslocaram-se até ao Centro de Hipoterapia de Almada, no período da manhã, com a finalidade de observar uma aula de Atrelagem Adaptada. Esta actividade apresenta-se como uma alternativa à exploração das potencialidades do cavalo, como método terapêutico.
A diferença que apresenta relativamente à hipoterapia, onde o cavalo é montado, é que este tem agarrado a si um carro, onde irá a pessoa que vai realizar a actividade terapêutica e o técnico que o irá auxiliar, mantendo-o seguro e confiante. Os factores que levam à escolha da Atrelagem Adaptada, em alternativa à hipoterapia, são: a dificuldade de aproximação ao cavalo; a insegurança pelo mesmo; as características físicas como a obesidade; as características sensoriais como um grande défice de visão ou audição e a pouca elasticidade nas pernas.
Chegada a hora prevista para a realização da actividade, dirigimo-nos para o local onde a actividade terapêutica iria decorrer. Para o sítio fomos no carro, já agarrado ao cavalo, uma vez que este já tinha sido previamente preparado, para a actividade, pelo Nélson.
O Nélson, portador de deficiência, realiza também Atrelagem Adaptada, mas como é mais autónomo tem a oportunidade de ajudar durante a actividade, de preparar os cavalos para a mesma, de arrumar tudo no fim e de tratar dos cavalos do centro, como dar-lhes comida. O Centro de Hipoterapia de Almada, para além de contemplar diversas modalidades terapêuticas, todas elas com a intenção de reabilitar cidadãos portadores de deficiência, tem também a preocupação de ajudar os mais autónomos do grupo que acolhe, dando-lhes a oportunidade de exercer uma função no Centro, adequada às possibilidades de cada um. Para além do Nélson, temos também como exemplo o porteiro Bruno, que sofreu um AVC quando ainda era muito novo. Encontra-se no centro há quatro anos e já ganhou a medalha de prata numa competição de Atrelagem Adaptada.
Assistimos, então, à atrelagem feita por um grupo de pessoas do Externato Zazzo. As deficiências que apresentavam variavam entre Paralisia Cerebral, Trissomia 21, Autismo e doenças do foro mental. Para subir para o carro utilizavam um escadote de três degraus: uns precisavam de mais ajuda, devido às suas incapacidades mais profundas, e outros subiam sozinhos, mostrando uma grande força de vontade. Antes de se ter iniciado a actividade, o Sr. José Manuel Correia, que os acompanhava, estabelecia um mini-diálogo com eles, utilizando palavras meigas e amigáveis, de modo a que estes sentissem que alguém lhes dá atenção e de modo a estabelecer uma relação social.
A actividade consistia na realização de um percurso com diversos obstáculos e/ou dificuldades, conduzindo o cavalo pelo meio desses impedimentos no caminho. Na atrelagem que observámos o objectivo era levar o cavalo a passar no meio de dois pinos com placas numéricas que os identificavam. Desta forma, a postura, o equilíbrio e as qualidades cognitivas/sensórias/motoras como a mobilidade, a atenção, a auto-estima, a socialização e a consciência espácio-temporal, são os diversos aspectos trabalhados na actividade. No decorrer do trajecto, o Sr. José Manuel Correia ia dando indicações como “olha para a frente”, “presta atenção ao que estás a fazer”, “costas direitas”, ao mesmo tempo que também pronunciava “ boa!”, “muito bem!” e “isso!”, com o objectivo de os incentivar, fazendo-os sentir bem pelo facto de estarem a alcançar o que pretendem. Durante a troca das pessoas que iam realizar a actividade, o Nélson ajudava na colocação do escadote e também na colocação direita dos pinos e das placas numéricas espalhadas pelo terreno, que os ajudava a conhecer melhor os números.
Foi uma manhã diferente, onde observámos uma modalidade terapêutica nova para nós, e que nos ajudou, mais uma vez, a concluir que os animais são essenciais na ajuda ao ser humano portador de deficiência.
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