domingo, 20 de dezembro de 2009

Hipoterapia vs Equoterapia

Na hipoterapia trabalha-se sobre e com o cavalo, no qual são estimuladas as funções cognitivas, motoras, sociais e emocionais, proporcionando equilíbrio e percepção do próprio corpo, despertando interesse pelo ambiente envolvente. O indivíduo é trabalhado como um todo e não em partes, proporcionando-lhe formas terapêuticas e educacionais de desenvolvimento. A hipoterapia é, assim, considerada como o método terapêutico e educacional que utiliza os andamentos do cavalo como recurso para crianças e indivíduos deficientes a vários níveis: paralisia cerebral, deficiência mental, Síndrome de Down, autismo, alterações sensório-motoras, dificuldades na aprendizagem, distúrbios de linguagem e fala, entre outras. Esta actividade terapêutica contribui para a educação, reeducação e reabilitação de pessoas portadoras de deficiências.

A equoterapia baseia-se em jogos entre os cavalos e as pessoas, de forma a que se crie uma relação dinâmica entre eles, relacionando, assim, as áreas da educação e da saúde. Este tipo de terapia é mais utilizada por crianças com problemas de autismo, timidez, insegurança, medo, agressividade e hiperactividade. No entanto, não se aplica só a pessoas portadoras de deficiências: qualquer um a pode realizar.

A equoterapia e a hipoterapia não são a mesma coisa, contendo várias diferenças: a segunda corresponde à terapia montada a cavalo, que trabalha doentes que tenham alguma doença visual ou mental, enquanto que a primeira utiliza os cavalos, não sendo montados, simplesmente para funcionarem como um modo de fazer emergir a vida emocional e despertar os afectos.

Tanto numa como noutra, o elemento terapêutico utilizado é o cavalo. Este animal, quando utilizado para realizar terapia, pode ser bastante benéfico: o seu andamento a passo produz cerca de 60 a 75 movimentos tridimensionais por minuto – equivalentes aos da marcha humana, havendo um deslocamento da cintura pélvica para trás e para a frente, para a direita e para a esquerda. Assim, para as pessoas com lesões cerebrais, este tipo de terapia pode ser bastante benéfico, uma vez que ao estarem em cima do cavalo, o seu sistema nervoso central recebe o estímulo do que é a marcha, uma informação que este não possui devido à lesão que apresenta.


quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

JP, um exemplo a seguir

João Pedro, mais conhecido por JP, é um menino de 4 anos que sofre de paralisia cerebral, no entanto demonstra uma força de vontade e uma motivação enorme para superar as suas dificuldades, nomeadamente a de não conseguir andar e o desejo de “fazer outras coisas próprias de uma criança da sua idade”.

A paralisia que apresenta “não é das mais leves”, não conseguindo, por este motivo, falar. Contudo, percebe tudo o que lhe é dito e “expressa-se através de símbolos”. “Está perfeitamente adequado” às crianças da sua idade e “foi muito elogiado” por ser um menino sem experiências motoras, mas que no entanto consegue acompanhá-las, sendo muito “inteligente”. Noções como “estar perto”, “estar longe”, “estar debaixo”, “estar em cima” são adquiridas com as nossas experiências motoras e o JP, embora não as tenha tido naturalmente, conhece-as muito bem e tem-nas todas. O seu problema encontra-se na parte motora, que vai sendo desenvolvida “muito mais devagar”, mas com as diferentes actividades e terapias que realiza, juntamente com a determinação que apresenta, tal como os seus pais, têm conseguido obter melhorias, embora seja um processo gradual e a longo prazo.

Helena Grilo, mãe do JP, ouviu falar dos benefícios que a hipoterapia oferece e, desde aí, ficou “de sobreaviso”, pesquisando sobre o tema e concluindo que seria uma terapia muito interessante de ser realizada. “Tinha o Pedro um ano de idade” quando se dirigiu, pela primeira vez, ao Centro Hípico Rio Sul, onde realiza actualmente a actividade terapêutica. No centro foi-lhe dito que este estava “apto para começar” e o entusiasmo gerou-se. Inicialmente, o pequeno JP “praticava a hipoterapia encostado a uma terapeuta”, que o amparava, recebendo à mesma “informação dos estímulos” provenientes da actividade, não precisando de “segurar o pescoço” ou de fazer “um esforço violento às costas”.

Após um mês de ter iniciado a actividade terapêutica, com treze meses, “sentou-se pela primeira vez, sem cair para o lado”: “havia algo de diferente na cabeça dele”. Foi “o primeiro sinal” de que realmente a terapia estava a fazer efeito. Uma criança que não tem a noção de equilíbrio, de como é que tem que estar o corpo, como acontece ao JP, tem que se fazer chegar lá a informação de alguma forma, e “foi através dos estímulos” proporcionados pelo cavalo que o JP evoluiu, tendo sido “muito importante para ele”. “A postura dele no cavalo não tem nada que ver” com a que apresentava quando iniciou a hipoterapia. No princípio ia “agarradinho à terapeuta” mas agora vai “sozinho”. Como prevenção têm apenas que lhe agarrar nas mãos, havendo, assim, um cuidado extremo para o caso dele se largar. “Qualquer dia já não precisa de nós!”

De todas as pessoas que rodeiam o JP, é a mãe, Helena Grilo, a que nota mais a evolução no filho desde que começou a realizar hipoterapia. “Como o andar do cavalo é muito semelhante ao andar do ser humano”, e tendo em conta que o João Pedro não anda, para ele o “jogo de equilíbrio/balanço é tudo novo”, e quando chega a casa e o senta no sofá ele fica “direitinho, com o equilíbrio todo”. O equilíbrio foi trabalhado nele e a mãe nota essa evolução, nota que ele tem melhorado ao longo do tempo.

O JP iniciou a terapia no picadeiro. Actualmente, efectua a hipoterapia no exterior e é algo que “adora”, embora as exigências e as dificuldades sejam mais. “Aceitou a mudança muito bem” e recusa o regresso ao picadeiro. No fim das sessões tem vontade de fazer “festinhas ao cavalo” e a ansiedade que mostra para estar de novo em contacto com estes é muita.

A dirigir a actividade está o senhor José Manuel Correia, dono do centro, que conduz o cavalo, e ao lado do JP vai a sua terapeuta ocupacional que controla as suas posições no mesmo, garantindo que se encontra direito. Por opção, a mãe acompanha o filho nestas sessões de terapia.

O caso do pequeno JP mostra a importância da hipoterapia na recuperação de pessoas com diferentes patologias, nomeadamente a Paralisia Cerebral, sendo um exemplo a seguir.