Novos estudos científicos mostram a capacidade que os golfinhos têm para entrar num estado diabético de tipo 2, durante a noite, devido à escassez de alimento, revertendo este processo quando se alimentam no dia seguinte. Este novo dado permitiu aos cientistas realizarem estudos mais profundos sobre este tema, com o intuito de encontrarem um medicamento que “desligue” a diabetes eficazmente no ser humano, através de uma eventual semelhança genética desta característica entre estes dois mamíferos. Esta descoberta pode dar origem a novas formas de prevenir, tratar e até curar a diabetes no ser humano. Podemos, então, apreender o quão importante os animais são na nossa vida.
Deixamo-vos aqui o texto, publicado on-line no site do jornal PÚBLICO, sobre este assunto dos golfinhos poderem vir ajudar os humanos a tratar a diabetes:
"Esta descoberta sugere que os golfinhos conseguem operar um click genético que lhes permite “fazer de conta” que têm diabetes enquanto jejuam, não chegando, porém, a sofrer da doença.
Se os cientistas conseguirem identificar, nos humanos, uma eventual semelhança genética com esta característica dos mamíferos, poderão nessa altura desenvolver medicamentos que “desliguem” a diabetes eficazmente, escreve o “The Guardian”.
Os tecidos das pessoas com diabetes tipo 2 tornam-se, com o tempo, resistentes à insulina, perdendo, por isso, a capacidade de controlar os níveis de açúcar no sangue. Esta doença pode causar danos irreparáveis no coração, fígado, visão e nervos, contribuindo para cinco por cento das mortes em todo o mundo a cada ano, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.
Ao que parece, os golfinhos imitam sofrer de diabetes para manter os altos níveis de açúcar quando a comida escasseia. Tal como os humanos, os golfinhos precisam de algum açúcar no sangue para que os seus cérebros funcionem normalmente.
“A nossa esperança é que esta descoberta possa dar origem a novas maneiras de prevenir, tratar e até curar a diabetes nos humanos”, indicou Stephanie Venn-Watson, responsável pelo estudo, levado a cabo na National Marine Mammal Foundation, em San Diego.
A equipa de Venn-Watson analisou cerca de mil amostras de sangue de 52 golfinhos enquanto estes jejuavam, durante a noite, e depois quando se alimentavam, durante a manhã. Durante a noite, o metabolismo dos golfinhos mudou drasticamente, mostrando características semelhantes às pessoas que sofrem de diabetes tipo 2.
“O que é interessante neste estudo é que, quando analisamos os golfinhos quando já estão a comer, de manhã, eles revertem para um estado não-diabético, o que indica que estes animais poderão ter uma espécie de ‘interruptor’ genético que faz com que liguem e desliguem a sua diabetes”, indicou Venn-Watson durante um encontro da American Association for the Advancement of Science, em San Diego.
Os humanos e os mamíferos têm os maiores cérebros de entre os mamíferos e ambos têm glóbulos vermelhos excepcionalmente permeáveis à glicose e que permitem transportar grandes quantidades de açúcar para o cérebro.
Os cientistas acreditam que a diabetes surgiu nos golfinhos como uma adaptação evolutiva a uma dieta rica em proteínas e pobre em hidratos de carbono.
Nenhum outro animal, para além dos humanos, mostra o mesmo complexo quadro sintomático de diabetes como o fazem os golfinhos.
“Talvez este seja o vestígio de alguma coisa que esteja adormecida e que possa ser despertada e usada como terapia de cura”, indicou Venn-Watson.
“Não há nenhum desejo de transformar um golfinho num animal de laboratório, mas aquilo que poderemos fazer é comparar os seus genes com os genes humanos e procurar provas da existência desse interruptor genético”, acrescentou."
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